A acústica do Carnaval
Carnaval acabou, quarta-feira de cinzas passou, até o Monobloco já tocou. Sempre fica aquele sentimento de vazio quando ele acaba e só ficam as lembranças do que você fez. Agora é a hora de (re)começar o ano e focar nos estudos! E é possível tornar isso mais agradável… Podemos usar as lembranças do Carnaval para aprender física, química e biologia. Hoje vamos focar na física!
Vocês já repararam que, nos desfiles de escola de samba, sempre tem uns caras levantando o braço e articulando no início, no meio e no final da bateria, até quando estão no recuo? Eles se chamam ritmistas e seu trabalho é muito importante para uma nota 10. Sua função é manter os instrumentos sincronizados, tocando sempre a mesma nota, num mesmo tempo. Pode parecer fácil, mas é mais complicado do que parece!
O som é uma onda mecânica, ou seja, precisa de um meio para se propagar; nesse caso, o ar. Esse meio pode interferir na sua velocidade de propagação, acelerando ou “freando” a onda. No caso do ar, numa temperatura padrão do Sambódromo à noite (27°C), a onda sonora, ou som, se propaga a 340m/s (aproximadamente). O que isso significa?
Vamos supor que você tenha uma bateria de 340 metros de comprimento e tenha um surdo na primeira fileira e outro na última. Se o cara da primeira fileira tocar, o cara da última só irá ouvir o som 1 segundo depois, isso geraria um descompasso no decorrer do desfile.
É claro que não se tem baterias de 340 metros, normalmente elas têm em torno de 100 a 120 metros. Porém, mesmo a essa pequena distância, é possível ter descompassos, pois o atraso de tempo seria de aproximadamente 0,29 segundos para baterias de 100 metros e 0,35 segundos para baterias de 120 metros. Quanto maior a bateria, maior o atraso. Entendeu a importância do ritmista?
Ele não se guia pelo som, e sim pela visão. A Luz também é uma onda, porém é uma onda eletromagnética e não precisa de meio para se propagar. Sua velocidade é de, aproximadamente, 300.000.000 m/s. Isso significa que precisaria de pelo menos uma bateria de 300.000.000 metros para ter um atraso 1 segundo.
Como não existe bateria nem sambódromos desse tamanho, os ritmistas são treinados para serem bem sincronizados sem se guiarem pelo som dos surdos ao seu lado e sim os movimentos do primeiro ritmista, normalmente localizado na primeira fileira. Assim, suas movimentações são padronizadas e cheias de sinais e códigos para os instrumentistas seguirem com precisão e não descompassar ao longo do percurso.
Quesito conhecimento: nota 10!
Professor Guilherme