Você já deve ter notado que, em filmes de guerra antigos, no meio da batalha, com sangue correndo, cabeças voando, cavalos saltando, há sempre um cara perdido com um trombone, um trompete ou uma caixa. Você deve se perguntar: “O que esse cara tá fazendo aí? Por que ele não tá com uma arma ou espada? Será que é algum tipo de arma sonora?”. Pode não parecer, mas esses carinhas eram de extrema importância numa batalha.

Antigamente, não havia comunicadores como walkie-talkie, rádio ou celular e a necessidade de comunicação no campo de batalha era suprida pelos instrumentos musicais. Imagina tentar coordenar um exército de 10.000 soldados apenas gritando. Nos filmes isso parece possível, mas na realidade não. Nossa voz não gera potência suficiente para se propagar por longas distâncias no ar. Por isso as ordens do comandante das tropas eram dadas através de códigos gerados por ritmos em instrumentos de percussão (surdo, caixa, tarol) ou metais (trompete, tuba, trombone).

Cada exército tinha seus próprios ritmos e ordens, como “recuar”, “avançar primeira fileira” e “acionar cavalaria” eram dadas por ritmos e sons diferenciados. Além de servir como comunicação, isso servia para intimidar os adversários e aumentar a moral das tropas. Imagina o terror que os ingleses sentiam ao ouvir o som dos tambores vikings vindo do mar em sua direção!

Para aprofundar mais esse papo e mostrar mais curiosidades da música na guerra, precisamos de um review básico sobre física do som, nada muito difícil…

O som é uma onda mecânica. O que isso significa?  Ela precisa de um meio para se propagar. Ou seja, não se propaga no vácuo. E, no caso do som, este meio é o ar. A velocidade de propagação da onda no ar se comporta de acordo com a equação abaixo:

Onde  é a velocidade de propagação,  a pressão no local e  a densidade do meio.

Note-se que a velocidade é proporcional à raiz da pressão e inversamente proporcional à raiz da densidade. Outra é a equação fundamental da onda que relaciona frequência (f) e comprimento de onda ).

Essas duas equações dão uma noção do comportamento do som no ar e em outros meios, mas é claro que os antigos não as conheciam, suas técnicas eram basicamente um conhecimento empírico.

Um bom exemplo disso eram os chineses: alguns pontos da muralha da China tinham muitas árvores embaixo, o que dificultava a visualização de tropas mongóis, ainda mais à noite. Como solução, os chineses enterravam tubas enormes no solo com o cabo para fora e assim conseguiam ouvir as vibrações dos mongóis no solo quando estavam por perto. Isso acontece porque, quanto mais denso o meio, mais longe o som se propagava.

O conhecimento do som e o conhecimento da música foram de grande importância nas estratégias militares. Napoleão reconhecia isso e foi em seu reinado que se teve um grande investimento nesse aspecto, a ponto de se fortalecer as chamadas bandas militares ou fanfarras.

Existem outros exemplos mostrando a importância do som nas batalhas e guerras, mas, isso vamos deixar para o professor de história.

Bons estudos!

Professor Guilherme