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Isso é arte?

Literatura é a arte da palavra, é o modo como o artista exerce a sua árdua tarefa de aprimorar a linguagem e de torná-la um objeto estético. É pela palavra que o poeta contemporâneo transporta do real não mais uma reprodução plástica e deleitosa de belas paisagens, ou seja, pode-se afirmar que a arte contemporânea assumiu outro papel após o surgimento das novas tecnologias. Com a criação das máquinas fotográficas, o ato de reproduzir as imagens da vida deixou de ser uma função dos artífices das letras e das telas. A arte passa a ser, então, uma reflexão profunda sobre a sua própria função, ou sobre a sua ausência de função.

Mas, foi no cotidiano do homem comum, nas conversas no ônibus, nos encontros de bar, nas brigas de família, nas missas de domingo e nos papos entre vizinhos que a literatura encontrou um lugar para repousar. Nas crônicas, nos contos e na poesia o que encontramos é a nós mesmos, nossos conflitos e percepções abandonadas na correria do dia a dia. A arte contemporânea, de um modo geral, abre-nos como questão a nossa condição de pertencentes a um mundo que não mais conhecemos, pois grande parte do que olhamos, não vemos. O indivíduo mergulhado nos interesses do capital busca mesmo é adquirir bens que logo abandona, esquece. Transita por lugares que depois só aprecia por fotos, perdendo deles toda a essência dos detalhes, a emoção por conflitá-los.

mictorio_Marcel Duchamp

E quando, ainda na década de 50, Marcel Duchamp apresenta como arte um mictório denominado por ele como A fonte, surge o estranhamento: isso é arte? Há quem negue com veemência o fato de objetos como uma roda de bicicleta, um mictório ou uma porta poderem ser vistos como arte. Todavia, eis aqui uma nova questão: seria o museu um lugar para apreciar a criação humana, para admiramos tudo aquilo que não vemos por aí? Se pensarmos assim, está respondida a pergunta: sim, isso é arte, pois, na pressa da rotina, não paramos mais para apreciar o que está a nossa volta.

A arte contemporânea não possui mais o compromisso com o original, o que era uma preocupação dos movimentos vanguardistas e do Modernismo. Outros propósitos antigos também não fazem mais parte do universo artístico, como é o caso do alcance das verdades absolutas e da estética do belo. Após o período da Segunda Guerra Mundial, muitas mudanças foram responsáveis pelas novas concepções de arte, dentre elas estão o processo de industrialização em massa, as relações de trabalho e os novos propósitos de consumo.

popart

Alguns grandes nomes e conceitos são, porém, de grande importância: nos anos 60, a viagem do Homem ao espaço, motiva na arte um caráter espacial; já nos anos 70, Andy Warhol surge como uma figura maior do movimento de pop art. Dos anos 80 em diante, revelam-se também o Expressionismo Abstrato; a Arte Conceitual; o Minimalismo; a Body Art; a Internet Street e a Art Street, a arte que se desenvolve nas ruas, influenciada pelo graffiti e pelo movimento hip-hop.

E para quem vai tentar o Enem, é pertinente refletir sobre a expressão da arte do seu tempo, assim como ter um conhecimento mais profundo de suas vertentes e antecessores. Enfim, é preciso se dar a oportunidade de não só interrogar sobre o que é arte, ou o que não pode ser arte. O encanto do trabalho do artista contemporâneo está exatamente no seu reconhecimento do quanto é importante vivermos cada instante sem permitir que as circunstâncias nos tornem cegos, vítimas constantes de nossos bens de consumo.

 

Professora Fernanda

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