Ao ler o título do texto, a primeira pergunta que vem à cabeça do leitor é: “quem ou o que é Faraday?”.

Michael Faraday (1791-1867) era um físico e químico inglês, nascido na antiga cidade de Newington, desenvolvedor de diversos trabalhos que contribuíram de imensa forma nas áreas de eletroquímica, eletricidade e magnetismos. Sua parceria com Franz Ernst Neumann (1798-1895), continuando um trabalho iniciado por Henrich Lenz (1804-1865), foi responsável por enunciar matematicamente uma das leis mais importantes da física: a Lei de Faraday. Mas o que um físico inglês tem a ver com a situação política atual do nosso país?

Quase todos os dias recebemos notícias, por meio de jornais, rádios, vídeos e áudios de WhatsApp, de políticos fazendo delações premiadas sobre empresas, empreiteiras, propinas a partidos e a outros políticos para tentar diminuir a pena, ou até mesmo livrar-se dela. Nos últimos tempos, têm sido divulgados até áudios reveladores e esclarecedores envolvendo o Presidente da República. E você sabia que esses áudios só puderam ser gravados devido a Faraday?

Ué, como assim?

Todo gravador, microfone e caixa de som se baseia num princípio de indução eletromagnética, “vulgo” lei de Faraday. Basicamente, a ideia é transformar a energia de ondas sonoras em impulsos elétricos, ou vice-versa (caso da caixa de som) podendo amplificar a intensidade dessas ondas (microfone ligado à caixa), ou gravá-las em fitas magnéticas (gravadores).

No caso dos gravadores de Joesley Batista, a onda sonora propagada pela fonte emissora (Michel Temer) se propagava ao longo da sala, perdendo intensidade ao longo do caminho. Quando a onda sonora chegava ao microfone do gravador, ela colidia com uma membrana fina e maleável, chamada diafragma. Essa colisão faz o diafragma se mover e vibrar. E tal vibração é repassada para uma bobina (fios enrolados num formato de cilindro) que está rodeando um imã (ou magneto) e oscila em cima deste. O imã gera um campo magnético e a bobina se move nesse campo magnético.

De acordo com Faraday, a bobina contém vários elétrons livres que, quando colocados em um campo magnético variável, começam a entrar em movimento, gerando uma corrente elétrica induzida. No caso do gravador, o campo e o imã permanecem parados, mas a bobina se move. Dessa maneira, o campo “empurra” os elétrons da bobina, gerando uma corrente elétrica induzida no circuito do gravador.

Essa corrente carrega a informação da onda sonora emitida pela fonte. Através de um mecanismo transcritor, a corrente marca diversos pontos numa fita magnética similar às fitas pretas de vídeo cassete e, assim, podemos conhecer diversas conversas de nossos governantes.

Essa é apenas uma das aplicações da lei de Faraday, entre muitas outras, mas aposto que, quando ele a descobriu, não imaginou o impacto político que causaria num país séculos depois!

PenseBem

Professor Guilherme